quinta-feira, 1 de maio de 2014

RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO: PRO DIA NASCER FELIZ

“Pro dia nascer feliz” é um documentário  dirigido por João Jardim, e é em  2005 que se  retrata o sistema educacional brasileiro, e isso nos mostra  sob  a luz de uma realidade escolar que esta  presente na maioria de nossas escolas. Que expõem a fragilidade do sistema e de seus principais personagens: que são os alunos e professores; e a divisão desse sistema em: ensino público e privado.
O documentário nos mostra a realidade de algumas escolas brasileiras, tendo em vista em três estados diferentes de nosso país, onde a maioria dos alunos acabam passando por um ciclo em que, poucos conseguem o diploma do 2° grau e menos ainda, poucos conseguem a oportunidade de ingressarem em uma universidade.
É notória a grande diferença social, cultural e econômica apresentado nas escolas das diferentes cidades apresentadas no documentário, mas, muitos são  parecidos  os anseios e as frustações dos jovens em que mostra a realidade de suas vidas no contexto escolar, seus sonhos e a expectativa no futuro incerto, enfrentando diariamente o paradoxo que a vida lhes impõe: a escola deveria ser à base da educação na construção de seu futuro.
No início do filme João Jardim nos  apresenta uma escola no interior de Pernambuco cuja a  realidade é bem precária, mas, não muito diferente das nossas escolas, passados muitos anos, no interior do Ceará, onde os alunos percorrem longas distancias,   viajam horas em um ônibus que não oferecem conforto algum, para chegarem em uma escola sem estrutura para recebe-los, onde muitas vezes não tem nem água nos banheiros, onde falta merenda e ainda encontram professores desmotivados e sem nenhum apoio pedagógico. Como alguém gostar de estudar ou de ensinar em lugares assim? Mais por incrível que pareça, João Jardim ainda consegue encontrar rosas em meio aos espinhos, por conta ele se depara com a jovem chamada  Valéria que é uma  poetisa de muito talento, mais que não é reconhecido nem por seus professores que acham que suas poesias são um plágio, até porque no lugar como esse até mesmo os professores não encontram estímulos pra escrever ou até mesmo ensinar.
O filme também nos  mostra a realidade de uma escola na periferia do Rio de janeiro, esta apresenta uma outra problemática,  que são outros fatores influentes, são outras dificuldades e outra realidade social com problemas diversos. Nesta escola os problemas são: com a violência, e professores e alunos desinteressados e faltosos. Os relatos de alunos mostram seus medos e até sues envolvimentos com o crime, drogas. Os professores também em suas entrevistam relatam sues receios à falta de respeito por parte dos alunos, a falta de interesse dos próprios alunos.
João Jardim entrevista o aluno Deivison que é um aluno chamado de “problemático” da escola, onde o filme faz uma ligação da vida do estudante com seus conflitos pessoais e sociais e os relaciona com os reflexos que isso produz no cotidiano escolar e com seus professores, ou seja, a repercussão de um comportamento é bastante influenciador quando está em convívio social dentro de uma escola.
Já a filmagem realizada em São Paulo nos mostra entrevistas de alunos e professores e um pouco do contexto assim como nas outras cenas anteriores se repetem. Um destaque desta parte do documentário é a fala de uma professora sobre o papel social que atribuíram aos educadores e os problemas enfrentados no dia-a-dia e a falta de reconhecimento, o desestimulo e a falta de respeito por parte dos alunos e o papel que a escola tem atualmente.
Em contrapartida o filme mostrou a realidade de uma escola católica de elite também em são Paulo, é lógico que as diferenças físicas são evidentes que, além de dispor de um espaço físico excelente, a escola também é marcada por sua rígida disciplina. No entanto, o filme deixa claro que a educação não se resume por esses fatores. A entrevista com os adolescentes denuncia casos de depressão, de crises existenciais e até de violência nesse ambiente escolar. A reação mais normal de quem assiste a essa parte do filme é a de indignação diante das angústias expostas pelas alunas. É habitual, nesse caso, considerar uma rebeldia sem causa da classe alta e se comover apenas com a dura realidade dos adolescentes de Manari, por exemplo.
O foco do filme é dado ao ensino de adolescentes, uma fase da vida tão cheia de conflitos, uma vez que a adolescência é uma fase caracterizada por alterações físicas, psíquicas e sociais. É o momento em que o indivíduo forma sua identidade, a partir de seus valores e de suas crenças. É o momento da vida que requer maior atenção e acompanhamento. E o sistema educacional brasileiro, em vez de cumprir seu papel de articulador e esclarecedor entre o jovem e o meio social, provoca o inverso. O jovem brasileiro tem uma relação de relutância com a escola, pois tem uma ideia de que o ensino não conduz, de forma alguma, com a sua realidade, com o seu papel de cidadão, assim como a de que esse ensino está muito distante do que realmente lhe atrai.
Ficou bastante claro no vídeo que existe muita angustia por parte dos professores, que os mesmos não estão satisfeitos, estão desmotivados pelos baixos salários, pela violência ocorrida dentro e fora da sala de aula, pelo desinteresse dos alunos, vão para as salas de aula, esmigalhados, cansados, estressados e isso salta aos olhos de qualquer pessoa que assista ao filme. Mostra-nos também um sistema educacional carente, quase que fracassado, embrenhado na sua própria realidade.
A realidade é que, o filme mostra claramente como é falaciosa a tentativa de se culpar pura e unicamente os professores pelo fracasso educacional. Se em algumas cenas mostra-se o descaso de alguns professores com a figura do aluno, muitas outras mostram professores muito engajados que, no entanto, são massacrados pelas condições estruturais reinantes. Se não se pode negar a má qualificação docente e o fato de que todos nós deveríamos saber sempre mais de alguma coisa, o filme mostra que o problema está na falta de suporte geral para os docentes e para o ambiente em que trabalham, a começar pela formação.
Por fim o vídeo retratou uma realidade já conhecida por todos, que é a falta de participação da família na vida escolar dos filhos, a carência que os adolescentes sentem da falta dos pais, que por muitos motivos se reflete dentro da sala de aula.
         João Jardim demonstra em seu documentário a realidade que todos negam ver. Enquanto o Brasil não adotar políticas públicas educacionais e não criar um vínculo entre a aptidão do professor, o comprometimento do governo e a responsabilidade dos pais, não poderá se pensar em ensino de qualidade, continuando em penúltimo lugar no ranking mundial da educação. 

Pro Dia Nascer Feliz - completo